Microcontos 1 a 10
Meio dia, o Sol a prumo comera as sombras e cigarras ocultas gritavam mantras horizontais na planície escaldante. O camponês ergueu o punho para os céus.
De mãos dadas, chutando pedras pelos caminhos, Paulo e Maria faltaram à escola pelo primeiro de muitos outros dias...
Fugindo da confissão interrompida Yolanda o meio da nave central anuncia: Hei, moças! Quem quiser saia vermelha vá ao senhor Padre da direita.
Era noite, era dia, eram estrelas pelo chão, São Pedro sorrindo dormia no colo da Virgem Maria numa nuvem de algodão.
Com o jornal aberto em frente do prato, Dr. Ermelindo construiu um muro de felicidade, não ouvia da esposa os queixumes e podia arrotar.
Dona Luísa falando ao telefone olhava-se no largo espelho da sala e suas conversas por vezes paravam suspensas no gesto de se alindar.
Sentado no banco da taberna depois dum dia de trabalho, tio João viu a nota verde caidinha ali no chão. Bendizendo o sapato roto, de mansinho pescou-a.
De nariz no ar, farejando a lebre, Mondego parou e esticou o rabo. Assim faz o cão se bem ensinado.
A meio do dia as nuvens cobriam o céu. Sem freguesia seu José fechou a loja. Em casa nem jantar nem mulher. Então bateu no filho.
O aroma do café obrigou-a a saltar da cama e correr à cozinha. Sobre a mesa duas baratas fornicavam plàcidamente.
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