Haicais das estações

Inverno longo
pesado, cinzento,
tropeço nas horas

No aconchego
da terra, a semente
vive e espera

Vermelho-dourada
a folha treme,
silenciosa cai

Frésias amarelas
Primavera perfumada
– amigo vem

Inverno, o vento
dança com as folhas
a seu contento

Pentagramas floridos
nas verdes árvores,
é Primavera

Primavera,
flores-borboletas
esvoaçam efémeras

É outono
as folhas passaram
de verde a dourado

Cores de outono
doçura triste
na terra e no ar

Acabou o verão
os secos campos
clamam por chuva

No verão quente
a maçã balança ao vento
sem cair

É primavera
as frésias cheirosas
chamam nos campos

Sol de inverno,
alegria do pobre
que não tem teto

Pequenos flocos
pintaram a paisagem
em tons de branco

Sol de inverno
ilumina, alegra
mas não aquece

Casa em três pés
abrigo de inverno
de passarinhos

Pela janela
vejo um manto branco,
neve dormindo

Noites de verão
serenatas nas ruas
amores no ar

Pingos de gelo
enfeitam os telhados
– Natal de cristal

Duro inverno,
o velho treme de frio
sem cobertor

O ipê roxo
à porta plantado
parece sorrir

Noite de Natal,
das casas sai aroma
de amor e mel