Parada no tempo

Seus olhos gastos de chorar
alongaram-se pela rua
na espera sem esperar
da volta dos teus passos.

        Saíste e assobiavas
        olhando o Sol de frente
        esquecido de acenar
        sentindo o sangue ferver.

E ela, debruçada na janela
qual boneca abandonada
quando se muda de casa,
nem dá pela noite chegar.

        Partiste entre o alegre e o triste
        liberto do repetido viver
        sem desgostos nem surpresas.
        Terias deixado o relógio sobre a mesa?

Seus olhos cansados de tanto olhar
fecharam-se mansamente...
A lua olhou-a no rosto,
e iluminou-lhe o sonhar.


POEMAS
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